segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Eu Sou Cuba



 Я Kуба (Eu Sou Cuba)

Impressões do filme russo de 1964.


O filme sobre a revolução de Cuba do diretor Mikhail Kalatozov, feito em um contexto soviético e agora restaurado como um clássico, é uma obra de arte incontestável do ponto de vista da fotografia e da direção, mas a dramaturgia também é surpreendentemente eficaz. 

As cenas de introdução da história de Cuba - incrivelmente belas - já revelam que se trata de um filme engajado. Mas a primeira das quatro histórias nos faz relaxar quanto a isso. Ao ver clichês de moças puras corrompidas pela vida viciosa dos americanos, nosso emocional, já muito escolado por mais de setenta anos de cinema, decide que aquilo, afinal, não vai ser importante. Que vamos nos ater à parte estética do filme.

Mas, então, a segunda história vem como um soco no peito, a história do agricultor que investe todas as esperanças e gasta a vida numa terra que jamais será sua. Uma história muito real e contemporânea também do nosso país. 

Pronto! Já estamos sensibilizados e prontos para a terceira e quarta histórias que tratam da revolução.  Já sentimos empatia pelos estudantes de classe média de Havana, não resignados com a situação política do país e, inspirados por ideais socialistas, dispostos a fazer qualquer coisa para isso mudar. É claro que os jovens idealistas não conseguirão passar à ação efetiva,  mas eles agora estão do lado do povo. 

Quanto a nós,  espectadores, a essa altura já estamos cientes e desejosos de que apareçam, enfim, os revolucionários para concretizar a luta demandada e anunciada desde o início do filme: Fidel e os guerrilheiros de Sierra Maestra. E a luta se desenha em estilo grandioso, sem muitos detalhes nem personagens além do líder Fidel Castro; só com a dramática cena de Mariano, o povo que pegou em armas para libertar seu país. Como nas histórias anteriores, as tomadas, planos e ângulos da câmera são de tirar o fôlego e provocar uma montanha russa de emoções. A técnica do diretor, aliada às paisagens telúricas de Cuba se encarregam de produzir a máxima densidade.

Fica a impressão de termos participado de uma grande saga... Não só política ou ideológica,  mas a saga humana do século XX. A epopeia de Cuba. E com quanta beleza!





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