terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Finito e Infinito





"A Presença é a luz que vem do Infinito. Quando chega a este planeta, parte dela se condensa e se solidifica, dando origem ao que chamamos “corpo”.

Portanto, olhando para o visível, não se esqueça de vislumbrar e sentir o invisível que o originou."(*)



(*) Extraído do Blog Espiritual da Escola Gurdjieff:







Comentário: Faça a experiência. O mundo se torna completamente diferente quando aquilo que você vê não é mais toda a montanha, mas apenas a ponta de um "iceberg" que emerge como forma material do mar onde residem todas as possibilidades do Espírito.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Reflexos











Não é muito fácil se importar em um mundo onde ninguém mais se importa. Todos se importam com a couve que cresce no seu quintal e com a imagem que os outros têm dele. Alguns se importam também com a quantidade de coisas que podem acumular. Como se essas coisas acumuladas depois da morte pudessem dar uma ideia do seu próprio valor. Mas quase ninguém se importa com o valor real das coisas. O valor real da couve que nasce em meu quintal é muito maior do que o lucro que ela pode me dar. O valor da digestão que dela faz meu estômago é infinitamente maior do que a ciência botânica que descreve as suas propriedades. A imagem que outros fazem de mim tem grande valor apenas como um espelho em que posso descobrir meus defeitos e fraquezas. Encobrir essas fraquezas de forma alguma faz de mim uma pessoa mais querida nem melhor. Disfarçar os defeitos e me enfeitar com qualidades que julgo possuir e quero que os outros acreditem que possuo apenas resulta em um cansaço enorme e um desperdício das nossas melhores energias. Damos imenso valor às coisas que possuímos porque acreditamos que elas refletem o que somos. Atribuímos a elas um poder que de fato não pertence a coisas inanimadas ou fictícias. Bens materiais são coisas inanimadas cujo valor transitório depende apenas do prazer que podem proporcionar. Com o tempo o prazer e o desejo vão mudando de lugar e as coisas vão perdendo o antigo valor. Beleza física ou juventude são coisas fictícias e relativas. Não podem ser considerados bens absolutos em si porque simplesmente refletem um bem que é inerente à pessoa e durarão enquanto durar esse bem interior. De acordo com isto o esforço de criar aparência tem um valor transitório e pode até ser um mal na medida em que mascarar uma necessidade real de beleza que é uma necessidade da alma. Acumular coisas materiais e imateriais que mascaram a nossa real necessidade não pode jamais levar-nos a lugar algum. Elas têm um valor de espelho e servem para espelhar a nossa humanidade. Podem ser comparadas ao brilho temporário e bruxuleante que as chamas da alma humana lhe derem. Ir pela vida tendo essa relação para com objetos ou bens nos torna incomensuravelmente ricos e possuidores de toda a Terra. Mas as pessoas se importam com ter a escritura das coisas e não em tê-las como aliadas em sua jornada de crescimento. O mesmo em muito maior grau se pode dizer das pessoas que nos coube encontrar em nossa jornada pela vida. Seu valor absoluto ou em relação à Criação está muito além da nossa capacidade de avaliar ou julgar. Mas seu valor relativo é sempre inestimável porque cada pessoa nos traz exatamente aquilo de que precisamos no momento. Não é uma necessidade transitória e por isso quase nunca nos damos conta de sua existência. As necessidades da nossa alma só podem ser satisfeitas com a ajuda de nossos semelhantes. Mas é claro que o primeiro movimento é da nossa própria alma que é dona e senhora do que dá ou recebe. Se ela percebe o valor incalculável de situações e pessoas que cruzam seu caminho então todo esse bem flui para o seu interior como um manancial de bênçãos. Perceber portanto é a única coisa que realmente importa. Apesar de não ser fácil sabê-lo em um mundo onde ninguém se importa.






terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Desanimar é não ver...








Uma das novas compreensões que custam ao velho mental é: tudo neste mundo é dois, isto é, todo fenômeno traz em seu bojo o contrário. Assim, também, logo ao atingirmos um estado de certa qualidade, a volta do pêndulo nos traz de novo ao que parece a aridez da vida comum - que parece ser, mas não é. A vida é divina em todas as suas instâncias; mesmo um pequenino verme ao se arrastar está proclamando isto. O sol que nasce a cada manhã reinaugura todas as possibilidades.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Uma Receita Especial

Para começar o Ano com o pé direito, nada melhor que privilegiar o ato de comer, comer bem, com prazer, saborear os alimentos indispensáveis ao nosso Ser com que a Natureza nos brindou.
Pensando nisso, trago aos leitores uma receita do Sr. Gurdjieff que descobri traduzindo um site russo. Não dá para saber se sua intenção, ao servi-la, era nutrir mais do que o corpo físico dos comensais...


SALADA DO SR. GURDJIEFF

Entre os grupos mais antigos, pessoas que tiveram contato com Gurdjieff ou com seus amigos
mais próximos mencionam sempre em suas conversas um prato que costumava figurar
em sua mesa e de que ele gostava muito, que ficou conhecido como a “Salada do
Senhor Gurdjieff”.

Embora tivesse este nome, o famoso preparado não se assemelhava ao que comumente
chamamos de “salada”. Conta uma discípula, Elena Zavolosnova: “Para ele, ‘salada’ designava uma mistura com aparência de sopa, com grande quantidade de especiarias e legumes crus que
lembrava mais uma sopa gazpacho consistente. Tomates maduros, pepinos frescos, cebola, pepinos em conserva e verduras eram marinados até ficarem com uma consistência espessa que exalava o aroma do endro fresco, com adição de sucos de frutas e chutney de gengibre.” Conta ela que tudo isso normalmente era servido em porções individuais numa pequena tigela, com uma ou duas colheradas de creme de leite azedo que lhe dava um sabor particular.

O Sr. Gurdjieff em pessoa preparava e servia a “Salada” em suas reuniões, mas não nas celebrações em família, como conta sua sobrinha Liúba Gurjiéva, e sim quando havia “alguém de visita pela primeira vez que pudesse ser surpreendido”.

Dizem que ele calculava a quantidade necessária de todos os ingredientes com as mãos,
e os líquidos com os olhos. Quando algo sobrava, era guardado numa vasilha de barro, em lugar frio.

Embora uma grande quantidade de ingredientes pudesse entrar em sua composição, como rabanetes, nozes, castanhas, azeitonas verdes sem caroço, ameixas secas cortadas, alcaparras, maçãs, catchup de tomate ou ovos duros, a receita básica da “Salada” que chegou até nossos dias é a seguinte:

RECEITA
DA SALADA DO SENHOR GURDJIEFF


“Nota: o chamado “centro de gravidade”
deste prato são os pepinos em conserva marinados de forma especial, com endro e
suco de endro. Estes pepinos encontram-se apenas nos autênticos
estabelecimentos gregos ou armênios, uma vez que eles os preparam para consumo
próprio, e precisam ser encomendados de antemão.”(*)

. 10 CEBOLAS graúdas do tipo “Bermuda” (picar ou ralar);
. 60 TOMATES maduros e firmes (cortar em cubos grandes) e seu suco;
. 10 PEPINOS médios (cortar em cubos grandes);
. 40 PEPINOS EM CONSERVA médios (cortar em cubos pequenos; a salmoura deve ser obrigatoriamente com endro);
. 3,8 litros de SALMOURA para marinar pepinos;
. 3 maços grandes de SALSINHA fresca;
. Uma boa quantidade de ENDRO fresco;
. 1,9 litros de SUCO DE GRAPEFRUIT;
. 1,9 litros de um bom SUCO DE MAÇÃ;
. 3,8 litros de autêntico CHUTNEY (o Sr. Gurdjieff utilizava o autêntico “Major Grey”);
. 3 latas pequenas de MOSTARDA DIJON ou outra mostarda picante;
. 450 gramas de AÇÚCAR CRISTAL;
. ESPECIARIAS: sal, pimenta preta, pimenta vermelha picante moída, pimentões e curry moído.

(*) Extraído do site russo http://www.areyou.ru/

BOM APETITE!

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Sobre o nome "Tesskuano"

George Ivanovitch Gurdjieff não foi um escritor comum. Escreveu sua obra "Do Todo e de Tudo" não como um conjunto de fantasias e impressões subjetivas, tampouco como registro documental das atividades que realizou cumprindo o propósito de ministrar seu ensinamento àqueles que o desejassem, nem como forma de expressão poética. Ele a escreveu "segundo princípios inteiramente novos de raciocínio lógico" para realizar três tarefas fundamentais, sendo a primeira delas:
"Extirpar do pensar e do sentimento do leitor, sem piedade e sem o menor compromisso, as crenças e opiniões enraizadas há séculos no psiquismo dos homens, a propósito de tudo que existe no mundo".
Esta primeira tarefa, cumpre-a nos livros da Primeira Série chamados: "Relatos de Belzebu a Seu Neto - Crítica Objetivamente Imparcial da Vida dos Homens".
Trata-se de um livro com aparência de ficção científica, no qual o autor fala-nos de profundas verdades relativas à vida humana e ao Universo. A linguagem metafórica e enigmática, porém, exige do leitor uma disposição de espírito para se aproximar pouco a pouco de seus significados, às vezes fazendo-o andar em círculos, mas sempre correspondendo de forma adequada à compreensão da pessoa que o lê naquele momento.
Vem de seus capítulos o termo "Tesskuano". Designa, na estória, uma espécie de telescópio através do qual Belzebu, que veio de uma parte longínqua do Universo, de seu local de residência, em Marte, observa tudo o que se passa no planeta Terra onde se dá a estranha forma de existência dos homens.
O símbolo, que remete muito além do sentido literal de observação exterior, sugere-nos também uma nova disposição mental de abertura e de auto-observação, um estado de atenção para as coisas que se passam fora e dentro de nós, um desejo intenso de conhecer e de aprender a conhecer, que é o início de qualquer transformação.
Por isso sua escolha como título do blog, como homenagem e fonte de inspiração.

O livro:
G.I.Gurdjieff, "Relatos de Belzebu a Seu Neto", Horus Editora, São Paulo, 2003

Para saber mais:
www.ogrupo.org.br