segunda-feira, 2 de junho de 2014

SANTA BANALIDADE

"MEDITAÇÃO DIÁRIA!"
Desvie-se das influências mundanas banais e desarmônicas. Mesmo que à primeira vista pareçam fortes, mais cedo ou mais tarde se curvarão diante das forças celestes criativas, benéficas e harmônicas.
Mantenha-se íntegro, firme, no eixo, e não terá nada a temer.

Paulo e Lauro Raful


Recebi outro dia essa maravilhosa mensagem e ela veio traduzir de forma cristalina um sentimento que eu experimentava de modo confuso, o de que estamos vivendo mergulhados em um oceano de influências de toda ordem  que são predominantemente fúteis, preconceituosas e desarmônicas, mas não nos damos conta justamente porque estamos "mergulhados", fazemos parte delas como as gotas de água no mar.

Existe um "pensar" que se comunica velozmente entre todos pela internet e pelas mídias que é o nosso pensar mais banal, uma repetição exaustiva de conceitos, modismos, propaganda passada adiante sem refletir, preconceito, ignorância que se traveste de conhecimento, emoções negativas que se travestem de conselhos, e por aí vai...

As redes sociais são um espelho nítido da banalidade da nossa comunicação diária, que além de não criar nada de novo e repisar e banalizar o velho, ainda não deixa espaço para recebermos nenhuma influência realmente nova e viva, porque estamos ocupados demais, absortos demais em nossas babaquices...

A internet é hoje o grande mental coletivo do nível mais ordinário, o mental associativo e burrinho que não sabe pensar por si próprio, mas ama tagarelar infinitamente e arrotar conhecimento! Oh! Ele sabe tantas coisas... Sabe a utilidade das cenouras para o bronzeamento da pele, sabe que Brigitte Bardot não se cuidou e ficou uma velhinha feia, sabe que Fulano e Beltrano saíram para jantar ontem e Sicrano está viajando pela India...

Oh! Deus! Tantas coisas atulham as salas do nosso mental no dia a dia que mal temos tempo de pensar na única coisa que realmente importa: estamos vivos e...! As reticências não têm mais espaço em nossa vida, a abertura do nosso mental para o silêncio interior causa mais medo do que os perigos das ruas, que a televisão repete e eterniza... Se fosse somente medo, ainda seria compreensível... Vá lá que ninguém é muito valente mesmo... O pior é que temos vergonha de nos abrir às lacunas, às reticências, ficar quieto por um dia, admitir que não sabemos absolutamente nada do que realmente importaria saber... Queremos ficar "bem" com os outros tagarelas.

E eis uma mensagem de sabedoria que coloca o dedo na ferida: "desvie-se das influências mundanas banais e desarmônicas..." Temos "cojones" para isso? Podemos nos desligar por vontade própria ao menos uma parte do tempo desse grande cérebro coletivo da sociedade que é como uma nuvem de gafanhotos predatória, dizimando qualquer planta florescente por onde passe, sufocando todo sentimento genuíno ou convertendo-o em inveja, despeito, temor, malícia, etc?

Não, não somos Dom Quixotes lutando contra moinhos de vento. Estamos é vivendo de vento, comendo tudo quanto é porcaria que lemos, ouvimos e assistimos por aí... Pobres estômagos do nosso ser...! O meu está se contorcendo, coitado, pedindo por favor que eu escolha melhor o alimento que lhe dou.




Marcia Ka