sábado, 28 de maio de 2016

O Mental diz uma coisa, mas o Corpo quer outra

Não descanse quando o corpo tem vontade de descansar; não lhe dê ouvidos. Mas se o mental sabe que o corpo deve descansar, faça-o.
Para isso deve-se aprender a distinguir entre a linguagem do corpo e a do mental e ser honesto.

Gurdjieff
 

Se nosso corpo se move, nosso coração bate, nosso cérebro pensa e nossos sentimentos florescem é somente porque temos uma boa dose de energia para isso. Basta uma noite de sono mal dormida para constatar que não fomos recarregados o suficiente e nossa bateria vital está num nível baixo. Durante os exercícios de meditação, quando começamos a nos familiarizar um pouco mais com essas energias, elas assumem para nós a sua realidade inegável. De forma enigmática, misteriosa e profundamente generosa, são elas que põem em funcionamento nossos Centros Mental, Emocional, Motor e Fisiológico. De onde vêm essas energias?  Por que passamos a maior parte do tempo sem lhes dar atenção, qual um eletrodoméstico que foi ligado na tomada e tem obrigação de funcionar?
Cada um dos Centros possui um tipo de energia e uma função própria. Mas eles nem sempre estão em boa comunicação entre si. O mental diz uma coisa, mas o corpo quer outra. O mental quer algo que desconsidera totalmente as necessidades do corpo. Na alegoria da carruagem descrita pelo Sr. Gurdjieff, o mental, representado pelo cocheiro, deve dirigir a carruagem que representa o corpo. É ele, mental, que tem o mapa; ele que aprendeu o caminho, ele que idealmente segue as instruções do passageiro da carruagem, o Eu Real, e o conduz ao destino. Ao corpo cabe obedecer docilmente, cumprindo suas funções de veículo de transporte. Acontece que na maior parte das vezes o cocheiro-mental não está qualificado para dirigir-nos de maneira responsável; ou ele está distraído com a paisagem ou não se informou adequadamente e suas ordens, ou são inexistentes, ou são um desastre. Nessa circunstância, os cavalos andam por si mesmos, puxando o carro. Representam as emoções que nos movem com grande energia, para cá e para lá. Aonde o passageiro será conduzido dessa maneira?
A frase do Sr. Gurdjieff nos lembra que, se o corpo expressa seu desejo de descansar, ele não deveria ser ouvido, porque cabe-lhe obedecer. Supõe-se que o cocheiro-mental esteja ausente, isto é, que não estamos conscientes do que se passa com o corpo e este esteja abandonado aos seus próprios impulsos.  O cocheiro deve ser despertado! Ele deve saber para onde estamos indo, qual o estado do carro e dos cavalos, quais as condições da estrada, e, levando em conta tudo isso, decidir se o carro-corpo deve ou não descansar.  

 

MOCK/28/05/2016